Obesidade (o retorno): um assunto de peso
Tal como os filmes de terror e de sucesso, o tema obesidade volta. Mesmo porque, pelo seu peso (em todos os sentidos), não é possível esgotá-lo num único post. Gostaria hoje de abordá-lo pela discussão do seguinte aspecto: por que será que com a evolução da medicina, doenças que eram praticamente incuráveis há tempos atrás passaram a ser perfeitamente curáveis (leucemias, por exemplo), ao passo que na obesidade, que parece tão mais simples, os índices de sucesso no tratamento não mudaram nada?
Nas melhores clínicas e serviços de saúde, em todo o mundo, dificilmente se consegue a reversão do problema em mais de 20% dos pacientes, e pior – quase todos, com o tempo, voltam a engordar. A razão é simples: é muito mais fácil tratar uma doença que exige tomar alguns remédios em horas certas do que reverter um problema que não responde a remédios, mas depende de uma coisa absolutamente complicada, que é a mudança de hábitos.
Perguntariam alguns: se isso é verdade, como se explica a profusão de coisas receitadas para a obesidade, desde medicamentos que diminuem o apetite até hormônios e drogas secretas, manipuladas quase que às escondidas em “farmácias” indicadas por todo tipo de charlatão? A resposta é óbvia – se alguma dessas coisas funcionasse o problema estaria resolvido, não haveria mais obesos no mundo e… todos viveriam felizes para sempre.
A verdade é que, infelizmente, sempre que algum problema médico tem mais de 3 ou 4 soluções propostas devemos concluir que nenhuma delas é boa o suficiente para resolvê-lo, caso contrário essa é a que seria adotada. Com isso quero dizer que, na questão da obesidade, tem sido absoluta perda de tempo correr atrás de soluções semelhantes àquelas que são adotadas para as demais questões médicas. Os últimos levantamentos publicados sobre a eficácia dos remédios autorizados para uso em tratamento da obesidade mostram que a perda de peso obtida é de apenas cerca de 5kg após o uso por 1 a 4 anos seguidos, desde que concomitantemente se faça dieta e exercícios.
Ou seja: para perder peso é fundamental a adoção de hábitos alimentares saudáveis e o aumento da atividade física! Fora isso, não há milagre.
Qual pode ser a contribuição das empresas na busca de melhor condição física de seus colaboradores, admitindo que pessoas mais saudáveis sejam mais felizes e trabalhem melhor? Podemos iniciar as considerações relativas a esse ponto pelas empresas que tem refeitórios, e portanto são responsáveis pela alimentação de seus funcionários em pelo menos um período.
Habitualmente o sistema adotado é o de “self-service”, com a possibilidade de acesso a inúmeras preparações altamente estimulantes para os olhos, olfato e paladar. Claro, ninguém pensa em oferecer uma mesa desagradável aos sentidos para diminuir o consumo de alimentos, porém é fundamental que o momento das refeições seja aproveitado para educar e orientar, como por exemplo colocando uma tabela de quantidade de calorias ao lado de cada prato.
Se for estabelecida anteriormente qual a condição nutricional dos usuários, cada um deles pode escolher seu prato de acordo com a quantidade de calorias que, orientadamente, deve ingerir de modo a perder algum peso, sem sacrifícios extremos e, o mais importante, sem passar fome. Programas de computador calculam de modo correto o valor calórico de preparações e nutricionistas estão totalmente aptas a prestar essas orientações, desde que se estabeleça algum programa coletivo de controle de saúde.
Outro aspecto que deve ser pensado é a instituição de algum programa de exercícios simples, a serem praticados de modo orientado, aproveitando as oportunidades oferecidas pelo próprio ambiente físico de trabalho. Por exemplo, subir escadas, um ou dois andares, e não usar o elevador… fazer cinco minutos de alguma atividade física duas ou três vezes ao dia, coletivamente. Ou então dar uma volta no quarteirão depois do almoço, e assim por diante.
Devemos saber que os estudiosos dessa área dizem que o mínimo que o homem deve se movimentar durante o dia corresponde a cerca de 2.000 passos, independentemente de serem ou não no mesmo momento. Parece fácil, mas não se faz isso… a menos que sejamos estimulados a tal!
Fábio
Fonte: Revistamelhor
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